Originalmente, o terreno ocupado pela casa era estreito e comprido, com um amplo patio lateral ao final, formando um “L”. A casa ocupa completamente a área linear do terreno. A partir de uma série de vigas transversais a cada 1 metro e 20 centímetros apoiadas nas paredes laterais, que criam um ambiente único, sem obstáculos, se distribui livremente os ambientes da residência.
O acesso principal se dá lateralmente ao acesso de veículos, através de um corredor ligeiramente elevado em relação ao nível da garagem. Ambos são completamente abertos à rua; não existem portões que delimitem a fachada. Mas são protegidos pela mesma laje e seu sistema de vigas transversais de concreto aparente.
As portas de acesso à casa estão recuadas em relação ao limite do terreno. Pelo lado da garagem uma porta de tamanho usual leva à área de serviço. Já o corredor principal chega a uma larga porta de vidro e painéis de cores elementais que leva a um vestíbulo de recepção, antes de chegar aos salões de jantar e estar.
O ambiente dos salões é caracterizado pelas paredes de concreto aparente pintados de azul, amarelo, vermelho ou branco, que delimitam a copa e a cozinha, e, do lado oposto, os dormitórios; pelas estantes e mobiliários fixos em concreto aparente natural; e pela mesa curva ao centro do estar, que numa de suas extremidades recebe um nicho rebaixado para a lareira, cuja chaminé se apresenta como um volume quadrado que desce a partir da laje, abarcando a lareira, porém distanciado dela.
Em sequência aos salões, num percurso fluido desde o vestíbulo, localiza-se o atelier da artista seguido do dormitório principal, na extremidade do terreno. São separados do estar e jantar por um volume de dormitórios e por um desnível descendente. Tais dormitórios formam o único volume da residência que se desprega das paredes perimetrais, solto ao meio dos salões, criando uma separação para o atelier. Alberga dois dormitórios mínimos, explicitamente concebidos para o justo ato de dormir, intercalados por um banheiro comum, também utilizado socialmente.
A partir do salão de estar, a casa se abre ao amplo pátio através de uma continua esquadria de metal e vidro, que se estende pelo atelier e pelo dormitório principal. Nesse exterior privado, é onde o arquiteto se esforça por criar o que poderia ser tido como a fachada principal da residência. Criando um alpendre, um espaço sombreado para a piscina, uma viga curva percorre dois muros limites do pátio. Dela se sobressaem duas gárgulas de concreto, direcionando as águas das chuvas a dois poços circulares protegidos por seixos. A fachada é, assim, retirada do seu contato com a rua para se introverter no pátio privado.
Em 1985 e 1997, respectivamente, a residência recebeu duas ampliações, incorporando ao final os dois terrenos vizinhos, tornando o terreno retangular e expandindo a residência a uma área de 736 metros quadrados. Das proposições construídas nas ampliações, se ressalta a clarabóia do novo atelier, uma estrutura de tubos metálicos protegida por vidro. As obras de arte de Tomie Ohtake soltas e espalhadas pela residência, desde seu projeto original, parece finalmente se integrar indissoluvelmente da arquitetura.